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As Mil e Uma Noites

julho 18, 2014

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“… eis que diante dele parou uma mulher envolvida em um amplo véu de estofo de Mossul, de seda semeada de palhetas de ouro e forrada de brocado. Levantou um pouco o veuzinho do rosto, e de sob ele apareceram dois olhos… com longos cílios e pálpebras!

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(…) olhou, então, difarçadamente, para aquela que abrira a porta, e viu que era uma jovem de talhe elegante e gracioso, um verdadeiro modelo no que se referia aos seios arredondados e salientes, à sua bonita atitude, sua elegância, sua beleza, e todas as perfeições de seu corpo e de todo o resto… quanto ao seu jovem ventre elástico e flexível, escondia-se sob seus vestidos como uma carta preciosa no rolo que a encerra.

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(…) Ela era uma estrela brilhante entre as estrelas brilhantes e, verdadeiramente, uma nobre mulher da Arábia…

(…) as tocadoras de instrumentos puseram-se a tocar… rodeada por eunucos e aias fez sua entrada na sala… Vinha perfumada a âmbar, a almíscar e a rosa; tinha um belo penteado e sua cabeleira brilhava através da seda que a recobria; seus ombros desenhavam-se admiráveis, sob os trajos suntuosos que a cobriam. Ela estava com efeito, regiamente vestida: entre outras coisas achava-se com uma vestimenta toda bordada de ouro vermelho e sobre o estofo, viam-se desenhadas figuras de animais e pássaros;

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mas aquela era apenas a vestimenta externa, porque, quanto às debaixo, só Alá poderia saber seu valor e conhecê-las. Ao pescoço trazia um colar que podia valer nem se saberia quantos milhares de dinares! Cada pedra preciosa que o compunha era tão rara, que homem algum, simples vivente, fosse ele o rei em pessoa, jamais vira pedra igual.

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(…) Aproximou-se do estrado, imprimindo ao corpo movimentos muito graciosos, para a direita e para a esquerda (…) fez a volta à sala, seguida de todas as suas damas, sete vezes seguidas, e de cada vez vestida de maneira diferente… E, todo o tempo, …as tocadoras de instrumentos faziam maravilhas, as cantoras cantavam as canções mais perdidamente amorosas, e as dançarinas, acompanhando-se com seus tamborins de guisos, dançavam como pássaros… via uma das jovens, com a mão estendida e bruscamente abaixada, convidá-lo; ou uma outra a agitar seu dedo médio, piscando o olho; ou uma sacudindo as ancas, fazer estalar a mão direita aberta sobre a mão esquerda…

(…) desfizeram-se então de seus véus e pode contemplar… Era a lua, em sua plenitude.”

Fragmentos d’As Mil e Uma Noites

 

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Aviso: A Lua que Menstrua

novembro 1, 2012

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta
gente que menstrua…
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado moço;
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o
mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de
dizer, homem; reflita…
Sua boca maldita não sabe que
cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento.
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na “vera”…
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos…
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a “cidade secreta”
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e
mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma
cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia.
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!…
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e
não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha…
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

Elisa Lucinda

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Filhas da Natureza – reverência à KALI

outubro 25, 2012

No espetáculo FILHAS DA NATUREZA reverenciamos a deusa KALI, a negra.

A Deusa Kali é uma das várias formas da energia feminina: da Shakti, que são as formas usadas para retratar a força e poder da mulher.  Maa Kali é a mais terrível das deusas. A palavra Kaal significa tempo, e a Deusa nos mostra que nada nem ninguém podem escapar do tempo.

A Deusa Kali é vista como uma deusa da morte. Mas, na realidade, trata-se da morte do ego humano. Kali é mostrada matando espíritos demoníacos. Ela nunca foi retratada matando ninguém nem nada mais. No paganismo ela é a verdadeira representação da natureza e considerada a essência de tudo o que é realidade e fonte da existência do ser. Segundo o tântrismo é a divina Mãe do universo, destruidora de toda a maldade.

É representada como uma mulher exuberante, de pele escura ou azul-escura, alusão ao útero de onde tudo provém, para onde tudo voltará. Seu rosto é vermelho e ela carrega uma espada invencível. Seu cabelo é longo e totalmente desalinhado e ela pode ser vista nua, indicando sua liberdade e independência. Ela tem olhos sedentos de sangue, uma boca com dentes grandes e afiados, os lábios tintos de hena e bétele mostrando sua enorme língua. Traz um colar com 50 crânios em volta do pescoço, seus brincos são corpos de anjos, indicando que Ela está acima da luxúria e sua saia é de braços decepados – expressando a implacabilidade da morte. Algumas vezes Ela tem cobras enroladas em seus vários braços e no pescoço. A serpente é um antigo símbolo da sabedoria e iniciação. KALI é a personificação da impiedosa fúria da natureza. Ela mostra a verdadeira força feminina.

Às vezes KALI é vista dançando em cima de SHIVA como uma furiosa guerreira num campo de batalha matando seus adversários e tomando-lhes o sangue. Dessa forma, demonstra a todos que até mesmo SHIVA é sobrepujado por sua fúria. Seus braços estão fazendo diferentes MUDRAS – posições que dizem para não se ter medo, pois ela é a mais querida e doce Mãe, e com estes gestos despeja bênçãos em seus filhos. Ela controla o poder do Tempo que tudo devora. Logo após as batalhas Ela começa sua eufórica dança da vitória. Com esta dança todos os mundos tremem sob o tremendo impacto de seus passos.

A lenda conta uma luta entre Durga e o demônio Raktabija. Este fez o desespero de Durga valendo-se de um maléfico poder: cada gota de sangue derramada se transformava em um demônio. Durga e Shiva, ao tentar matar os vários demônios que surgiam a cada gota de sangue, cortavam-lhes a cabeça. Assim nasciam mais e mais demônios. Em meio ao desespero, surge Kali, que cortava as cabeças e lambia o sangue (daí representada com o colar de cabeças, pela adaga e a língua de fora). Assim Ela dizimou os demônios-clones de Raktabija.

Kali não é uma deusa do mal. O papel de ceifadora de vidas é absolutamente indispensável para a manutenção do mundo. Quando se observa a similaridade entre a Deusa Kali e o Deus Shiva, ambos são mostrados próximos aos campos de cremação. Na Índia, os devotos vão aos campos de cremação para contemplar e meditar com o objetivo de superarem seus egos, confrontando-se com a verdade de que tudo é temporário, e sobrepujando o apego aos seus corpos físicos. Kali e Shiva afirmam que o devoto pode libertar-se das falsas impressões do ego e verificar a eternidade da alma, do ser.

Esta é a lição da Grande Mãe Kali, cuja fealdade aterrorizante nos afasta da identificação com o corpo físico e mostra que ele é falso. Que o espírito é a única verdade com a qual devemos nos relacionar.

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O Harém da Imaginação

abril 17, 2012

O Harém da Imaginação

Não é mais além, ele é aqui!

Nunca foi lugar de repressão,

Ele é liberdade de expressão!

É um espaço mágico sim!

Ponto de encontro, ponto de luz, onde o Sol interior pode brilhar

Quando cai a chuva mansa, vaga-lumes cintilam sutis

Quando venta forte e vem a tempestade

O que mais conta é a nossa amizade…

E a Lua nasce à tardinha, encantada,

Vem sorrindo para as mulheres enfeitadas…

De flores, de brilhos, de cores!

Com a dança do amor,  plantar

Arte, que brota e cresce

Na multi-etnia, tudo de bom acontece!

Filosofia de “INCORPORAR”!

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SALVE AFRODITE!!!

abril 5, 2011

Neste ano vamos homenagear AFRODITE com nossa dança!

O amor como inspiração, fonte máxima de energia vital e alegria de viver!!!

Afrodite é minha deusa primordial, que prevaleceu em minha psique durante muitos anos. Progressivamente muitas outras divindades entraram em cena… Porém retornar à ela é pura emoção! Encontro hoje uma Afrodite mais tranquila e centrada, dona de si; não vendida!

A DEUSA AFRODITE:

O arquétipo da deusa grega Afrodite encontra muitos correlatos em todas as culturas. Ela é Vênus para os romanos e sob alguns aspectos: Pele no Havaí, Frigg para os germanos e povos indo-europeus, Ísis no Egito, Tara na Índia… e finalmente Iemanjá na cultura afro-brasileira! Seu culto é pré-helênico. Foi cultuada em muitas regiões da Antiga Grécia e também em Corinto, Esparta, Atenas, mas originalmente em Chipre. Na realidade, ela seria uma deusa de origem oriental, associada a Astarte, Ishtar e Inanna, cujo culto chegara à Grécia pelos mares, por meio de marinheiros e mercadores.

AFRODITE é a deusa do Amor e da beleza!

• nascimento • sensibilidade • vida • amor • sexualidade • artes •

beleza • corpo sagrado • tempo • morte

“Áurea deusa do amor…

A idade não faz murchar,

nem o hábito estancar sua infinita variedade”.

“Desde que surgiu da espuma das ondas, na célebre concha de vieira,

artistas a pintaram e esculpiram, poetas exaltaram sua beleza

e cancionistas compuseram melodias em sua honra…”

Afrodite era considerada o poder reprodutor da natureza, Senhora soberana da preservação das espécies e da renovação da vida! Presonificando a fecundação presente em tudo o que vive, Afrodite passou a identificar o amor, a princípio em sua forma mais exaltada e pura e posteriormente em todos seus múltiplos aspectos.

Torna-se a mais bem amada Deusa – gregos e romanos adoravam-na pela sua gloriosa beleza, pela sua ternura e por suas muitas aventuras amorosas. Ela era e é, em tudo, uma presença sensual, porém, esta sexualidade será sempre parte integrante de um relacionamento, nunca um fim em si mesmo.

Sua função como Deusa do Amor é inspirá-lo em todas suas manifestações.

Rege todo o contato criativo entre os sexos. É Afrodite quem acende a chama do desejo no coração dos homens, sendo capaz de uní-los emocional ou sexualmente. A ela pertence o poder de incitar e seduzir os sentidos.

É a deusa das artes visuais, pintura, escultura e arquitetura – da poesia e da música.

Mulheres, convido-as a redescobrir sua afrodite interior, vivenciá-la na dança e amorosamente em nosso dia a dia, sendo femininas, nos suavizando, trazendo maior vitalidade, criatividade e carinho aos relacionamentos e harmonia e beleza aos ambientes onde vivemos!

“O arquétipo como entidade psíquica é envolvido por energia que possui a capacidade de ativar e transformar conteúdos conscientes. Quando o arquétipo é constelado, isto é, ativado, a liberação dessa energia específica é reconhecida pela consciência e sentida no corpo através de emoções. Assim, por exemplo, quando o arquétipo da deusa do amor é constelado, ele nos imbui da vitalidade do amor, da beleza, da paixão sexual e da renovação espiritual.” (Qualls-Corbett, Nancy. A Prostituta Sagrada, a face eterna do feminino. pg. 17).

O dia de Afrodite é a sexta-feira. Saudá-la com rosas, perfumes e incensos de rosas, tons rosados até o vermelho nas vestimentas e o amor universal por todos os seres desperto em nossos corações!

Namasté!!

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Filhas da Natureza

abril 5, 2011

Aqui louvamos à Deusa em suas e nossas múltiplas manifestações.

Somos mulheres que trabalham, estudam, batalham.

Somos mulheres que dançam, alegres, em roda em torno da fogueira.

Que olham e farejam como animais

Acolhem como mães e se sentem acolhidas pela Terra como as plantas e as feras

Flutuam nas águas como nos sonhos

Quando o vento sopra, seguimos seu sussurro

Vamos com ele para outras terras

Só para retornar felizes com novas cores

Somos filhas da natureza, dançarinas do Harém da Imaginação!

Sônia Campaner

Muito fundo é o abismo do passado

Deparo-me com o tempo

A água da vida e as densas trevas da morte

– VIVEM AS NOSSAS ANCESTRAIS –

Busco o encontro!

Velha, a mais velha mãe de todos os tempos,

Anciã.

Carregas a memória de nossa existência

As passagens, as paixões,

O medo, a luta, a guerra,

– Jovem – Guerreira Santa!

Aclamo-te com o fogo da aldeia,

Fogo da serpente

Vivo!

Vivo no sangue, no ventre da mulher

nas artérias,

no corpo, n’alma da gente!

Vive conosco

Aquela que foi

Que É

E que sempre será…

Lu Lambert

Formas femininas, formas perfeitas

Para eles, és bela dos pés à cabeça

Olhar penetrante, quando quer, provocante

Sem tirar as sombrancelhas conserva a beleza

Essa coisa de pinça agride a natureza

Face com pele de princesa

Boca carnuda grande sensual

Sorriso branco como leite

Um sorriso que nas mentes provoca deleite

Nariz afinado

Queixo arredondado

Pescoço alongado

Ombros comportados

Costas lisas proporcionais

Seios fartos auréolas bicudas

Quando frio, se arrepiam embaixo da blusa

Cintura com medidas de manequim

Abdômen não é de atleta, mas este corpo completa

Com um piercing no meio, isso é feio

Tatuagem, bobagem!

Agride a beleza

Derrota a feminilidade

Uma crueldade

Na seqüência, o quadril de um remelexo sutil

Coxas roliças com pele de veludo

Dentre as coxas, esse belo espaço peludo

Região tentação, faça pouca depilação

Este ato ás vezes diminui a volúpia

Voluptuoso é o traseiro, musculoso, arredondado

Até os joelhos são desejados

Ah! Joelhos de pura sedução!

Num cruzar de pernas até provocam ereção

Pernas grossas, roliças

Panturrilhas firmes, bem trabalhadas

Os tornozelos, um colírio para a rapaziada

Pezinhos delicados, que coisa bela!

Merecem sapatinhos de Cinderela

Tens poder de sedução

Pro teu homem isso é provocação

Suas curvas perfeitas o faz delirar

Com duas cabeças se põe a pensar

No fim deste ato concluído, o ato

Um gozo de puro prazer por lembrar você

De suas formas femininas

A essas formas, a sensatez

És de mais rara beleza, talvez

Pilar

Neste espetáculo reverenciamos a deusa Kali, a negra.

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Louvada seja a dança!

março 12, 2011

Louvada seja a dança
porque ela liberta o homem
do peso das coisas materiais,
e une os solitários
para formar sociedade.

Louvada seja a dança,
que tudo exige e fortalece,
saúde, mente serena
e uma alma encantada.

A dança significa transformar o espaço, o tempo e a pessoa,
que sempre corre perigo de se desfazer e ser
ou somente cérebro, ou só vontade ou só sentimento.
A dança porém exige o ser humano inteiro,
ancorado em seu centro,
e que não conhece a obsessão
da vontade de dominar gente ou coisas,
e que não sente
o demônio de estar perdido
no seu próprio ser.

A dança exige o homem livre e aberto
vibrando na harmonia
de todas as forças.

Ò homem, ò mulher,
aprenda a dançar
senão os anjos do céu
não saberão o que fazer contigo.

texto de Agustinus (será de Santo Agostinho?)
Trad. do alemão por F. Gambini
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Louvor à Grande Deusa (JTA)

novembro 2, 2010

Deitado sobre o tálamo resplandecente, Shiva é potência pura: os olhos, serenos, apenas observam; os membros, relaxados, somente aludem às cinco atividades.

Sobre seu peito, a Shakti dança.

Formosa Shakti!

Os pés graciosos pisam uma paisagem de músculos. O saiote de braços decepados se abre no giro frenético. Escuro como a noite, seu ventre é uma porta para o desconhecido.

Medonha Shakti!

Um colar de cabeças degoladas enfeita seu pescoço. As mãos do lado esquerdo empunham um sabre e uma cabeça. As mãos do lado direito perfazem os gestos de benção e doação.

Insondável Shakti!

Uma língua enorme projeta-se de sua boca.

Mas, no semblante, exibe só tranquilidade.

Mais negros do que o negror mais negro, seus cabelos são a quintessência do mistério.

Ó mãe benevolente!
Sob tuas terras, deito raízes.
Sob tuas águas, projeto flores.
Sob teus ares, produzo frutos.
Em tua luz, busco refúgio!

Ó deusa negra,
que conténs todas as cores do espectro.
Ó deusa escura,
que dissipas as trevas e concedes a iluminação.
Ó deusa nua,
vestida de espaço e despida de convenção.

Ó senhora da grande língua,
que engoles e digeres nossa ilusão.
Ó senhora ornamentada de karma,
que transcendes pensamento, palavra e ação.
Ó destruidora do muito e do pouco,
que nos indicas o caminho do meio.
Ó devoradora da semente do desejo,
que nos libertas das cadeias da compulsão.

Ó bela senhora das três cidades.
Ó bela senhora dos três poderes.
Ó bela senhora dos três princípios.
Ó bela senhora dos três caminhos.
Ó deusa tríplice, jovem, madura e velha!

Que nome pronunciará aquele que te procura?
Verde Matangi, filha de um pária, reinando sobre o mundo da impureza e da poluição?
Branca Saraswati, sublime instrumentista, tocando com esguios dedos a vina dourada?
Que nome pronunciará,
se engoles vorazmente as cores e os nomes?
Ó virgem negra, ó buraco negro,
ó inominável Kali Ma!

Senhora, que portas em cada mão uma serpente, e te ergues como grande caduceu, enfeixando em teu poder os três poderes: vontade, ação, conhecimento.
Concede-nos viver sobre esta terra!
Senhora, que caminhas sobre as águas do oceano, com teus pés pisando a branca espuma, circundada por peixes e golfinhos,
protegendo quem se arrisca em meio às ondas.
Conduze-nos a um porto seguro!

Senhora, humilde e majestosa tamareira,
cujas raízes anunciam a água oculta,
cujo tronco reúne a terra ao céu,
cuja copa fornece doces frutos.
Derrama teu orvalho sobre nós!

Nammu, senhora do abismo primordial. Ninmah, senhora exaltada. Ninhursag, senhora da montanha. Louvem-se, em teus nomes arcaicos, a graça sempre renovada. E louvada sejas, Qadashu, senhora das estrelas do céu!
Ó Elat, ó Chawat, ó Odù Logboje,
mulher primordial, mãe dos viventes,
dona dos olhos delicados.

Tripurasundari

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Shirin Neshat

julho 26, 2010

Se disparada pelo amor
Palavra-bala
Na boca do ditador
Toda palavra cala
Ô, mama
Cala palavra
Ô, mama, ô, mama
Mama palavra

Quando não se quer ouvir
Palavra-mala
Quando não se faz sentir
Pobre palavra rala
Ô, mama
Rala palavra
Ô, mama, ô, mama
Mama palavra

Em volta da mesa do bar
Palavra-porre
Se o tédio me assaltar
Palavra me socorre
Ô, mama
Cada palavra
Ô, mama, ô, mama
Mama palavra

Se gritar pega ladrão
Palavra corre
Quando não se tem tesão
Toda palavra morre
Ô, mama
Morre a palavra
Ô, mama, ô, mama
Mama palavra

Mãe de todos nós
Dos sem mãe
Dos sem voz

Na fala do policial
Palavra-malha
No distrito federal
Toda palavra encalha
Toda palavra encalha

Aquela que não funcionar
Palavra-falha
Aquela que não se juntar
Vira palavra-tralha
Tralha

Quando tudo fala igual
Palavra-palha
Pra tudo que é marginal
Palavra que batalha
Palavra que batalha

Aquela que não funcionar
Palavra-falha
Aquela que não se juntar
Vira palavra-tralha
Tralha

                                      João Bosco/ Francisco Bosco
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Rumi

junho 28, 2010
“O Dia levanta!
Os Átomos dançam,
As almas,
loucas de êxtase dançam.
A abobada
celeste, por causa deste Ser, dança,
No ouvido te
direi aonde  leva esta dança.”